O primeiro capitão infelizmente se foi. Ele abriu caminho para que os outros quatro líderes repetissem o gesto imortalizado por ele no Estádio Raasunda, na Suécia, em 1958. O futebol brasileiro deve muito a Hilderaldo Luís Bellini, mas também pode ser chamado de Bellini.
Não apenas por ter sido o primeiro a erguer a Taça Jules Rimet acima da cabeça, gesto hoje que é repetido por todos os vencedores e em todas as modalidades possíveis. Mas também por ter sido um zagueiro com forma de jogar elegante, um verdadeiro líder em campo. Respeitado por companheiros de equipe e temido por adversários. Era um jogador que encantava a homens e mulheres. Aos homens pela luta e entrega. Às mulheres por seu jeito de galã de cinema, um dos primeiros "bonitões" futebol.
Saiu do interior de São Paulo para o Rio de Janeiro. E foi vestindo a camisa do Vasco da Gama que começou a ganhar fama. Chegou ao clube de São Januário em 1952 já no fim do consagrado "Expresso da Vitória". Seria um dos encarregados a formar uma equipe tão vencedora quando a que estava para terminar. O "canto do cisne" do "Expresso" ocorreu com o título carioca de 1952. Após aquele grande time, Bellini viu novos atletas chegarem ou ganhar chances entre os titulares. Ao lado de Orlando Peçanha, Vavá, Walter Marciano, Carlos Alberto, Coronel, entre outros foi campeão carioca duas vezes: em 1956 e 1958. Em 1957 viajou à Europa e conquistou o Torneio de Paris vencendo o Real Madrid por 4X3 e deixando a plateia francesa estupefata.
Na Seleção Brasileira formou dupla de zaga com o ídolo botafoguense Nílton Santos. Viu despontar dois meninos quase desconhecidos do grande público: Pelé e Garrincha. E por fim, levantou a taça pro alto, atendendo a um singelo pedido de um fotógrafo que queria fotografar melhor o troféu. No Mundial seguinte, já atuando pelo São Paulo teve uma atuação discreta na campanha do segundo título, já na casa dos 32 anos, não possuía o mesmo vigor de antes. Mas apesar de veterano, tinha lugar cativo no coração da torcida são-paulina. Aos 39 anos decidiu que era hora de parar e foi defendendo o Atlético Paranaense em um clássico com o Coritiba que o "eterno capitão" se despediu dos gramados.
O futebol hoje amanhece mais triste, mais pobre. Mas tem a consciência que graças a ele, Mauro (in memorian), Carlos Alberto, Dunga e Cafu também foram capazes de levantar o troféu. Pode acreditar, dentro de cada um desses capitães, existe um pouco de Bellini.
Vá em paz, capitão!
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